31 maio 2008

A vida vira poesia. Nos olhos da menina. Poesia somente. Sem o dever de ser tristeza ou alegria. Metáforas que brincam em sua cabeça. O relógio que bate devagar na parede azul. Lentamente. Preguiçoso. O vento gelado que entra pela fresta da janela. O quase silencio quebrado pelo barulho do ventilador. A menina chega a gostar da solidão.
As malas que não foram desfeitas. Em cima da cama que não foi arrumada. A poeira em cima dos móveis. E a luz do banheiro queimada. As janelas fechadas, que quase fazem a menina esquecer da cidade cinza. Fecha os olhos para o sol ou para a chuva que cai lá fora.
Deita na rede, olha o céu. Esse mesmo céu que abriga as pessoas do coração da menina. E então, aqui, agora, faz de conta que não existe distância. E daí, nada mais importa. As metáforas fazem cosquinhas na sua cabeça. E seus olhos fazem poesia da vida. Sem o dever de ser tristeza ou alegria...


[17 de outubro de 2006]

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