"Estranha arte, a de morar sozinho.
Arte dos adiamentos eternos e das conversas com a geladeira.
Arte de ter fome e não ter nada no armário.
De chegar cansada em casa e dormir de calça jeans e tudo.
De não ter quem te cuide quando estás com febre.
De ter somente agua na geladeira.
E uma unica toalha limpa.
De chorar baixinho enquanto toma banho.
Arte de ligar a TV pra não ficar no silencio.
E de ficar quietinha ouvindo o barulho la fora.
Dolorida arte, doce arte, estranha arte.
É exercitar a loucura de nascer todos os dias no tempo.
É caminhar entre os meses como quem chuta pedras no chão.
E a campainha - a campainha continua quebrada. "
[05 de março de 2006]
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