31 maio 2008

Eu gostaria de conseguir escrever sem parecer superficial. Mesmo que só sinta verdadeiramente, quem vive. Esses dias de felicidade que têm gosto, enfim, de paraíso. Ou de como eu imagino que ele seja. Sentir as horas e horas de ônibus. As pernas inchadas. Os sorrisos. O mau hálito de manhã. A saudade matada aos pouquinhos, devagar como tortura. A amizade, que me sussurra eterna.
Se ainda agora eu fechar meus olhos, posso fazer de conta que não acabou. Posso sentir novamente aquela felicidade. Indescritível. As palavras, as músicas, as vozes, as mãos, as promessas de não se abalar com o tempo. E de sermos irmãos uma vez por ano, como eternidade. Se fecho meus olhos, consigo sentir cada sorriso, cada palavra, que fez com que eu sentisse meu coração bater novamente. Pelo ideal que havia se perdido no eco. No eco das minhas dúvidas.
Se exatamente agora eu fechar meus olhos, não os abro mais. Porque, enfim, sinto a felicidade. E posso pôr meus pés no chão.




[26 de fevereiro de 2007]

Nenhum comentário: