22 junho 2008




Você já teve vontade de sumir?
Simples, assim. Você já teve?
Sumir, como se todas as dores e amores fossem em vão? Para ver se as dúvidas saem da sua cabeça? Se o ódio sai dos seus sentimentos? E se a distância volta a fazer sentido para o coração?
Simplesmente porque a vida cansou, e nada mais faz sentido.
Será que essa vontade passa rápido?
Ou será que a gente precisa de um beliscão para voltar para a realidade?
E voltar a acreditar que a rotina, ônibus lotado, salário mal pago, frio, stress, sorrisos forçados, conveniências, contas no fim do mês, distância de quem se gosta, e tudo o mais faz parte da vida que se tem.


É, tomara que passe rápido.


17 junho 2008



Há tantas coisas que eu gostaria de te dizer. Coisas que vão muito além do que a história de uma lagarta que um dia se transformou numa bela borboleta. Aquela que fez se encantar seus olhos, ao exibir asas cheias de lantejoulas com movimentos quase reais.
Domingo passado, quando olhei teus olhinhos fechados e suas mãos postas meu coração se enterneceu ao ouvir as doces palavras da oração que seus lábios me ditavam. Meu coração se encantou diante de sua grandeza.
Quando corre por entre as árvores, entoa as canções, ri alegremente e fala de um tal Mestre que mora dentro de teu coração, o meu se enche de esperança. Essa tal esperança que andava distante de minhas palavras.
E eu me sinto tão pequena diante de tanta coisa que eu gostaria de te falar. Por mais que eu saiba que minhas palavras não matam sua fome, não te cobrem do frio, não te livram do preconceito e nem asfaltam sua rua. Mas, eu insisto. Porque meu coração necessita.
Ah, seu eu pudesse fechar teus olhos puros, guardar-te em minha redoma para que o mundo não te devore, para que o sofrimento não te alcance. E que para sempre você fosse criança....

08 junho 2008


Quando o mundo me cansa eu só quero você. Só sentir a textura da sua pele. O quente dos seus carinhos. Deitar ao seu lado e ficar conversando sobre qualquer bobagem. Fazer planos para a fortuna que um dia ainda vamos possuir. Te encher de beijos de bom dia. E sentir seu mau-hálito pela manhã, só pra ter certeza de que você é de verdade, por mais perfeito que pareça aos meus olhos.
Sim, é você. Homem que um dia eu pedi a Deus. Que me descobre. Que me confia. Que me acalma.

O mundo me cansa tanto. As conveniências que ele me pede. As regras que ele me dita.

E eu só preciso de você pra me aliviar o cansaço. Pra acalmar meus hormonios e fazer passar a dor da distância. Sim, da distância, essa maldita que nos separa. Que nos tortura. E que nos prova.

Ah, tola distância, eu adoro provar que sou mais.

06 junho 2008


É, eu vejo pouco a pouco a menina se tornar mulher.
Sabe, dessas de cabelos lisos que balançam ao vento. Dessas, que se pintam. Que se enfeitam. Que se perfumam.
Sim, uma mulher. Dessas com agenda, maquiagem na bolsa, sapato nos pés e salto alto. Planos para o futuro e esperando para ser chamada "num" concurso.
Linda.
Sim, uma linda mulher.
Por mais que aquela garotinha gorda, de óculos de aro dourado (?!?!), camisetão, cabelo sempre preso, faladeira teime em acreditar.
Ainda que que a menina insista em falar alto demais, rir quando não deve e dar os foras mais engraçados sempre.
Ela agora olha no espelho e suspira admirada. A garotinha gorda nunca imaginou que ia se tornar uma mulher tão bonita.

01 junho 2008


A verdade é que depois de certo tempo as pessoas se acostumam com as coisas.
Assim como eu me acostumei com a cidade cinza.
Ela se acostumou com a fome, para manter-se magra.
Ele se acostumou a elogiar para fazê-la feliz.
O outro se acostumou a sorrir pra não ter que dar explicações.
Ou ainda a guardar pequenas raivas para não criar conflitos.
Ela se acostumou a sentir dores nos pés ao invés de descer do salto.
E a fazer tudo correndo porque deixou para a última hora.
E sabe de uma coisa? A gente se acostuma de certa forma que passa a fazer sentido desse jeito.

É, a cidade cinza faz sentido as vezes. Guardar certas coisas para não magoar os outros também. Acordar cedo. Ganhar pouco. Ouvir sempre. Calar quando preciso. Beijar de mês em mês. Ouvir sua voz pelo telefone. Comer moderadamente. Planejar. Chorar baixinho embaixo do chuveiro. Calar minha dor frequentemente.

Sabe, a gente se acostuma sim. E se acostumar quase sempre, machuca.