29 junho 2011


Ah, cansei desse mundo.
Hoje vou revolucionar. Vou limpar a casa e deixar aquele cheirinho gostoso de lavanda. Vou arear as panelas, vou passar pano nos móveis. Vou cozinhar feijão, fazer um arroz soltinho e bife acebolado. Vou bater um bolo de cenoura, colocar para assar, enquanto faço aquela cobertura de chocolate. Depois vou tomar um banho quentinho, me arrumar e ficar cheirosinha esperando meu amor chegar. Vou servir o prato para ele e ficar olhando ele se deliciar com a comida. No final ainda vou lavar a louça e deixar a pia brilhando.
Hoje acordei rebelde. Cansei desse mundo opressor, lugar de mulher é na revolução.


26 junho 2011

- Alô, quem é?
- Saudade.
- Saudade de onde?
- Ah, da terrinha, é claro. Do tempo que passa devagar. Da tarde quente. Do baralho. Da conversa jogada fora. Fofoca fraterna. Filme de faroeste de tarde. Saudade das mangueiras carregadas. Do cheiro de dama da noite. Do R bem puxado. De comer baião de dois a dois. De descansar ao lado do amor, dormir a tarde, cansar de descansar. De ligar pra elas sem ter que fazer interurbano. De ver como o tempo passa rápido. De quantas notícias não vi passar. E de me matar.
- Se matar? Ai, me Deus, acode aqui!
- Sim, me matar. Porque quando você vive tudo isso eu deixo de existir, com muito prazer!

14 junho 2011


Que tal voltar a escrever? Gravar de novo o sentimento nas palavras?
Dizer que se tem medo, sem medo.
E se arriscar um pouco, meu bem.
Porque escrever é realmente algo arriscado. Arrisca-se eternizar sentimentos, que passam. Atos, que causam arrependimento. Palavras, que não fazem mais sentido com o tempo.
Lá vou eu de novo. Será?
Quem não arrisca, não petisca.